Grupos chegaram cedo para conseguir lugar perto do palco

Fãs de Lady Gaga se preparam para passar o dia nas areias de Copacabana para garantir um lugar próximo ao palco e ver a ídola de perto. O dia mal amanheceu e as filas para passar nos pontos de revista que dão acesso à praia já começavam a se formar e, por volta das 10h deste sábado (3), já se estendiam por mais de dois quarteirões.

faixa de areia em frente ao palco de 2,2 metros de altura foi tomada por cangas, guarda-sóis, bolsas com água, filtro solar, sanduíches. Os Little Monsters (monstrinhos, em português, apelido carinhoso dado pela cantora aos fãs) estão preparados para enfrentar o sol até o horário do show, marcado para as 21h45.

Para Taise Godinho, 30 anos, cada segundo de espera vale a pena. Ela mora em San José, nos Estados Unidos, e estendeu a viagem ao Brasil para ver o show da cantora.

“Ela marcou muito a minha adolescência, sabe? A gente, como criança esquisita, se vê muito na Mama Monster. Ela era uma em meio a várias divas pops que são muito dentro do padrão. Ela sai fora do padrão e faz coisas que outras artistas não fazem”, diz.

Essa não é a primeira vez que ela e os amigos acampam para ver os ídolos. Isso aconteceu também em 2009, em Florianópolis, na primeira vinda de Beyoncé ao Brasil. O grupo já é experiente. “Tem água, tem bala, tem barra de cereal, tem de tudo aqui. Gatorade para hidratar bastante, protetor solar, um lencinho para as mãos, tem de tudo. E um energético para tomar logo antes do show”, contam.Denner Santoro, 25 anos, e Kaique Santos, 24 anos, viajaram de Santo André (SP) para assistir ao show.

“Ela fala muito sobre liberdade, sobre expressar a liberdade sem ter medo. Isso é uma das coisas que eu mais gosto dela, porque, como dá para perceber, eu sou uma pessoa bem diferente. E se alguém mostra para mim que ser diferente é legal, é bom, então, para mim ela representa muita coisa”, diz Denner.  

Para ele, uma das músicas mais marcantes é Marry the Night, de 2011. Em um trecho, a letra diz “I'm gonna marry the night. I'm not gonna cry anymore” (em português, “Eu vou casar com a noite. Eu não vou chorar mais”).

Para muitas pessoas que não seguem os padrões dominantes na sociedade, é na noite e nas festas que se pode ser quem são. “Isso tem um sentido muito, muito, muito forte para mim. É a música que mais me pega, que eu não consigo escutar sem chorar”, diz.Independentemente de como será o show desta noite, Amanda Campos, 27 anos, que fez aniversário nessa sexta-feira (2), diz que já ganhou “o melhor presente possível”, que foi assistir ao ensaio da cantora, em pleno aniversário.

Amanda, que mora no Rio, passou a semana indo ao Copacabana Palace, onde a cantora está hospedada para tentar vê-la. No sábado, ela foi recompensada, assistiu de perto o ensaio.

“Do nada ela apareceu, eu surtei, eu estava tão pertinho, ela ainda chegou a ir na grade, bem onde a gente estava”, conta emocionada.

“A gente estava esperando ela ao longo da semana e ela não apareceu. Ontem ela entregou tudo, calou a boca de qualquer um que poderia estar falando mal dela”.

Acessibilidade

Chegar cedo é uma necessidade para Gabriel Campos, 31 anos. Como pessoa com deficiência visual, ele enfrenta uma fila para ter acesso ao espaço reservado próximo ao palco.

“Eu cheguei aqui às 8 horas da manhã de hoje, mas já estava lotado e a gente não sabe, inclusive por conta da falta de organização, quem é PCD e quem só simplesmente quer uma área mais privilegiada”, diz.

“Por conta de falta de informação e de divulgação, muitas pessoas só souberam a respeito da área PCD essa semana”.

Ele espera conseguir um espaço para acompanhar o show em segurança. “Ela é minha favorita. Eu acompanho a carreira dela a vida inteira. O show do Rock in Rio que foi cancelado. Infelizmente, eu estava com os ingressos comprados e agora eu estou aqui. É muita expectativa para que eu consiga entrar na área PCD”, diz Gabriel.

Esta semana, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) chegou a emitir uma recomendação à Prefeitura do Rio de Janeiro, à Riotur e à produtora Bonus Track Entretenimento para que adotassem medidas imediatas de acessibilidade no show da cantora Lady Gaga.

Segundo o MPRJ, a recomendação foi motivada por informações que indicam a ausência de condições adequadas para garantir o acesso pleno de pessoas com deficiência ao evento. Os espaços estavam sem rotas acessíveis, sinalização adequada ou recursos de tecnologia assistiva, como audiodescrição e intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras).

De acordo com a Riotur, são disponibilizados dois espaços, um para 70 pessoas no setor A e outro para 80 pessoas no setor B. A ocupação é por ordem de chegada

Expectativa de público

São esperadas mais de 1,6 milhão de pessoas na Praia de Copacabana, onde foi montado o palco e instaladas 16 torres com telões de 9 metros de altura por 5 metros de largura, permitindo que o público acompanhe a apresentação à distância. 

Desde as 7h deste sábado (3), a Avenida Atlântica está totalmente interditada, com bloqueio para veículos em toda a via, incluindo a pista junto aos prédios e as ruas de acesso à orla. 

A partir das 18h, começa o bloqueio ao acesso de veículos particulares à Copacabana, sendo permitida apenas a entrada de ônibus e táxis. Após as 19h30, os ônibus e táxis também não poderão entrar no bairro

Segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SMDE) e a Riotur, o evento deve injetar mais de R$ 600 milhões na economia carioca.

show começa às 17h30, com a apresentação de DJs, e a cantora americana deve entrar no palco às 21h45

Mariana Tokarnia – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 03/05/2025 
Rio de Janeiro

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