https://portalleodias.com/ Heloísa Cipriano
Lula sinaliza possibilidade de reeleição e direita racha entre “plano Tarcísio” e candidaturas próprias
A menos de um ano do primeiro turno do período eleitoral de 2026, marcado para 4 de outubro, o xadrez eleitoral ganhou peças novas e algumas desistências importantes nestas últimas semanas. No tabuleiro nacional, Lula voltou a admitir a hipótese de disputar um quarto mandato; já Tarcísio de Freitas é a aposta preferencial de parte do campo centro-direita, enquanto Romeu Zema se formalizou como pré-candidato, mas ainda luta para decolar.
Em paralelo, Fernando Haddad avisou que não será candidato em 2026, se concentrando principalmente no apoio à reeleição de Lula; e Michelle Bolsonaro brecou a especulação sobre sua entrada na corrida, como afirmou recentemente à agência Reuters.
Presidência: quem quer, quem não quer e quem observa
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não oficializou candidatura, mas sugeriu que pode buscar reeleição. O cálculo passa por manter a coalizão atual e avaliar o humor do Congresso e da economia.
Tarcísio de Freitas (Republicanos) segue falando como presidenciável enquanto, publicamente, nega que seja candidato. Ele próprio ainda não anunciou candidatura; o que significa que, mesmo sendo apontado como referência, ele ainda depende de articulação partidária e apoio interno ao Republicanos. Apesar das movimentações, Tarcísio tem declarado que não pretende disputar a Presidência em 2026 e que seu foco é buscar a reeleição como governador de São Paulo. Ele é visto no mercado e por governadores de direita como nome capaz de unificar palanques.
Romeu Zema (Novo) anunciou pré-candidatura em agosto; dois meses depois, não converteu atenção em tração nas pesquisas, e tenta ampliar base fora de Minas Gerais. O governador que não poderá mais disputar o mandato estadual em 2026 está sendo visto como “candidato ao redor”. Seu foco, por enquanto, está em ampliar a projeção nacional.
Quanto à ex primeira-dama, Michelle Bolsonaro (PL), afastou a possibilidade de concorrer “por ora”, enquanto o bolsonarismo procura sucessor para ocupar o espaço após a condenação de Jair Bolsonaro.
Fernando Haddad (PT) descartou disputar qualquer cargo em 2026 e avisou ao partido que seu foco é a agenda econômica e, politicamente, coordenar a campanha de Lula se ela existir.
Os bastidores
No campo conservador, governadores e partidos debatem duas rotas: lançar vários nomes para, depois, convergir no 2º turno; ou unificar já na largada, com Tarcísio como “síntese” mais citada.
Em Brasília, a eleição dos novos chefes do Congresso reforçou o discurso de independência em relação ao Planalto, uma variável que pesa na decisão de Lula e na engenharia de alianças dos partidos.
Governos estaduais
O mapa de 2026 terá renovação forçada em 18 dos 27 Estados, porque os atuais governadores já estão no segundo mandato consecutivo. Entre os que não podem se reeleger estão, por exemplo: em Minas Gerais, Romeu Zema; no Paraná, Ratinho Jr.; no Rio Grande do Sul, Eduardo Leite; em Goiás, Ronaldo Caiado; em Mato Grosso, Mauro Mendes; no Pará, Helder Barbalho; no Amazonas, Wilson Lima; no Acre, Gladson Cameli; em Roraima, Antonio Denarium; em Rondônia, Marcos Rocha; na Paraíba, João Azevêdo; no Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra; no Espírito Santo, Renato Casagrande; no Distrito Federal, Ibaneis Rocha; no Tocantins, Wanderlei Barbosa; e no Rio de Janeiro, Cláudio Castro.
Inclusive, Castro diz não pretender concorrer a nada em 2026, abrindo disputa por sucessão local. Já Caiado também mencionou possível candidatura à Presidência em 2026. Em entrevista à CBN Goiânia na última segunda-feira (20/10), o governador do estado disse que continua pré-candidato à presidência da República pelo União Brasil.
Em outros estados, 9 governadores indicam que tentarão reeleição, com o Nordeste concentrando a maioria das tentativas. No Norte, a maior parte dos governos terá substituição. Esses movimentos redesenham os palanques regionais e podem realocar lideranças rumo ao Senado e à Câmara.
No caso do ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo (PT/SE), por exemplo, ele se movimenta agora de forma decidida para as eleições de 2026. Deixou seu cargo nesta última semana para se dedicar à candidatura, segundo vídeo publicado por ele próprio. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria solicitado que Macêdo entre no páreo eleitoral, e uma das opções avaliadas é uma disputa ao Senado.
Além disso, Guilherme Boulos (PSOL/SP) assumiu o cargo de Macêdo na Secretaria-Geral da Presidência da República, num movimento visto como estratégico para o ciclo eleitoral de 2026. A nomeação veio acompanhada de um “congelamento” de uma candidatura própria de Boulos. O apoio do governo é para que o ex-deputado federal auxilie a estratégia e, ao menos por enquanto, não entre imediatamente como postulante direto à Presidência ou ao Senado.
Partidos
Legendas como o Partido Social Democrático (PSD) e o União Brasil têm se movido longe dos holofotes, mas são cruciais no desenho das alianças, segundo analistas. O PSD, por exemplo, é apontado como pivô da articulação da direita para 2026.
Já o Partido dos Trabalhadores (PT) ainda não formalizou a candidatura de Lula. Tal indefinição, segundo os bastidores, pode gerar tensão interna.
Uma pesquisa mais recente da Genial/Quaest aponta que muitos parlamentares estão receosos sobre o retorno de Bolsonaro como candidato, o que força a direita a planejar o “legado Bolsonaro” sem o próprio.
A polarização nacional reflete nos estados: alianças estaduais já se desenham com olho na corrida presidencial, e partidos menores tentam obter protagonismo para barganhar nas coligações maiores.




