https://www.fuxicogospel.com.br/ Por Caio Rangel
Fama, erro e redenção: por que alguns artistas gospel se reerguem e outros não
Em tempos de redes sociais e julgamentos instantâneos, uma frase mal colocada pode custar caro — especialmente para quem vive da imagem e da fé. No meio gospel, onde a cobrança moral é intensa e a opinião pública, implacável, vários artistas já sentiram o peso do cancelamento. Alguns conseguiram se reerguer; outros jamais reconquistaram o público que antes os aplaudia.
Um dos primeiros casos marcantes foi o da banda Catedral, que aconteceu mesmo antes das redes sociais, após migrar da gravadora evangélica MK Music para a Warner Music Brasil em 1998, foi duramente criticada por “abandonar o gospel”. O grupo teve shows cancelados, músicas proibidas em igrejas e foi alvo de boatos. Ainda assim, manteve uma base fiel e seguiu sua trajetória fora dos rótulos.
Em 2015, o cantor Thalles Roberto viveu um dos maiores cancelamentos da música cristã. Após declarações polêmicas em que dizia estar “acima da média”, perdeu contratos e foi afastado dos palcos. Dois anos depois, publicou um pedido de perdão e, com o tempo, reconquistou parte do público e voltou aos eventos evangélicos.
A cantora Daniela Araújo também enfrentou dura exposição após a divulgação de áudios em que discutia sobre o uso de drogas. Em 2017, ela pediu perdão e se afastou por um período para recomeçar, conseguindo mais tarde retomar a carreira com aceitação gradual do público.
O pastor e cantor Kleber Lucas foi outro alvo de controvérsia ao cantar em um terreiro de candomblé em 2017, o que provocou forte reação entre evangélicos. O segundo cancelamento veio em 2022, quando declarou apoio ao então candidato Lula, assumindo-se “pastor de esquerda”.
Entre os casos mais recentes estão Jotta A, que se assumiu gay em 2020, se identificou como mulher trans — Ella Viana — e encerrou de vez sua carreira gospel. Logo em seguida veio Jessé Aguiar, que em 2023 também revelou ser homossexual, deixou o segmento e, ao retornar em 2024, não obteve mais o mesmo acolhimento de antes.
A trajetória desses artistas revela uma verdade incômoda: no mundo gospel, o perdão é pregado nos púlpitos, mas nem sempre concedido com a mesma facilidade fora deles.
