https://www.fuxicogospel.com.br/ Por Caio Rangel
Entidade acusa parlamentar de promover discurso de ódio e “cura gay”
A ONG “Minha Criança Trans” ingressou na Justiça contra o deputado federal Pastor Eurico (PL-PE) após falas feitas por ele durante reunião da Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família, em 5 de junho de 2024.
O caso ganhou repercussão nacional por envolver a discussão sobre crianças e adolescentes trans, além de expor o embate entre setores religiosos e movimentos de defesa dos direitos LGBTQIA+.
Na ocasião, a comissão debatia uma moção de repúdio emitida pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul contra a ONG. Durante sua fala, Pastor Eurico levou ao plenário um homem identificado como Helder Oliveira, que afirmou ter abandonado a transexualidade após se converter ao cristianismo.
O parlamentar utilizou esse depoimento para reforçar sua posição e chegou a dizer que a noção de que pessoas nascem LGBT e permanecem assim ao longo da vida seria, segundo ele, uma “mentira do cão e tratativa do inferno”. Ele também acrescentou que “menino nasce menino, menina nasce menina, homem nasce homem, mulher nasce mulher”, negando a existência de crianças trans.
Para a ONG Minha Criança Trans, as falas configuram discurso transfóbico e homofóbico, uma vez que associam a identidade de pessoas trans à ideia de “cura gay” e invalidam a experiência de crianças e adolescentes trans. A entidade defende que tais declarações não apenas ferem a dignidade dessa população, mas também estimulam preconceito e marginalização.
Após a repercussão, Pastor Eurico confirmou nas redes sociais que está sendo processado e reafirmou sua posição. Em publicação, disse que sua atuação se dá em defesa da “proteção das crianças” e que não pretende recuar.
“Minha luta é pela inocência e pela proteção dos nossos filhos. Vou continuar firme, sem medo, enfrentando quem for necessário para preservar os valores da família e o futuro das nossas crianças”, escreveu o deputado.
O processo agora segue sob análise da Justiça, e o caso deve ampliar o debate sobre liberdade de expressão, discurso religioso e direitos da população LGBTQIA+ no país.