
https://portalleodias.com/ Luiz Henrique Oliveira - Publicado 28/05/2025
Bolsonaro pode ser alvo de bloqueio de bens após admitir que financia Eduardo Bolsonaro nos EUA, onde o filho atua contra o STF
Jair Bolsonaro pode se tornar alvo de medidas judiciais que incluem o bloqueio de bens por financiar a permanência do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos. O ex-presidente admitiu publicamente estar bancando os custos do filho no exterior, onde o parlamentar atua em campanha para que o governo norte-americano aplique sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. A declaração foi feita durante um evento em que Bolsonaro também revelou a origem dos recursos: doações via Pix feitas por seus apoiadores.
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Segundo a colunista Monica Bergamo, da Folha de S. Paulo, as revelações geraram repercussão no Supremo Tribunal Federal. Ministros da Corte interpretaram que Jair Bolsonaro, ao admitir o financiamento, pode estar contribuindo diretamente com ações que envolvem supostos crimes praticados por Eduardo Bolsonaro, como coação no curso do processo, obstrução de investigações e tentativa de abolição do Estado democrático de Direito. Tais atos são alvo de apuração em inquérito aberto a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que já tramita no STF.
A manifestação da PGR é explícita ao citar o envolvimento de Jair Bolsonaro. No pedido de abertura de inquérito, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, solicita que o ex-presidente seja ouvido formalmente, com base na própria declaração de que é o responsável pelas despesas do filho no território americano. Gonet afirma que Bolsonaro pode ser diretamente beneficiado pelas ações de Eduardo, que, segundo ele, buscam pressionar autoridades brasileiras e interferir em processos judiciais.
Segundo informações divulgadas por aliados e repercutidas pela colunista do jornal, Bolsonaro teria gasto aproximadamente R$ 8 milhões dos R$ 17 milhões arrecadados em doações desde que deixou o cargo. Parte desses valores, segundo o ex-ministro do Turismo Gilson Machado, foi destinada a Eduardo Bolsonaro. O ex-presidente, em justificativa, afirmou que o filho “está sem salário” e cumpre uma função estratégica ao manter interlocução com autoridades dos Estados Unidos. “Se não fosse o PIX, eu não teria como bancar essa despesa”, declarou.
Entre as providências em análise, o STF pode adotar medidas cautelares para restringir as ações de Jair Bolsonaro. De acordo com um magistrado ouvido pela coluna, as possibilidades incluem o bloqueio de bens e, dependendo do avanço das investigações, até a decretação de prisão preventiva. A menção a medidas dessa natureza consta de forma indireta no pedido da PGR, que deixou em aberto a adoção de providências “de índole cautelar” conforme o desdobramento dos fatos apurados.